O sofisticado sentimento da amizade é tema de reflexão de grandes pensadores no decorrer da história. Muitos deles a apresentam como a verdadeira cura para os males humanos, devido ao aspecto harmonioso que pode proporcionar à interação social. Nesse sentido, pergunta-se, nos dias de hoje, como podemos definir o efeito curativo da amizade? Qual a relação desse sentimento com o progresso da vida em comunidade e com o avanço particular de seus indivíduos? Quais empecilhos a sociedade contemporânea deve enfrentar para estabelecer de fato relações mútuas de respeito que findem em uniões gratificantes de amizade? Continue reading
A crítica de Nietzsche à perspectiva historicista
No texto Segunda Consideração Intempestiva – Da utilidade e inconveniente da história para a vida (1873-74), Friedrich Nietzsche promove uma crítica à perspectiva histórica vigente em sua época. A historiografia com a qual o filósofo alemão se depara apresenta-se como uma imposição da ciência e da história sobre a vida. Continue reading
A crítica de Marx ao estranhamento religioso nos termos propostos por Feuerbach
O jovem Marx integrou-se à vida política e intelectual ainda nos cursos de Direito, Filosofia e História, concluídos na Universidade de Berlim. Na época, tendências de oposição à monarquia absolutista da Prússia se consolidavam.
Sempre em busca de explicações mais plausíveis para a sua realidade e impregnado pela influência do iluminismo francês, do materialismo feuerbachiano, da doutrina hegeliana e da economia política clássica britânica, o jovem se fez também um oposicionista, assumindo a ideologia alemã da qual viria a ser o crítico mais radical. Continue reading
O Estado de bem-estar social à luz da concepção habermasiana
RESUMO: O objetivo deste artigo é discutir a proposta habermasiana de uma esfera pública crítica, desde a sua origem até a sua reabilitação no cerne do programa de Estado de bem-estar social. Se, primeiramente, Habermas nega a possibilidade de coexistência entre uma esfera pública que age comunicativamente embasada pela racionalidade com um Estado fortemente interventor e contrário aos pressupostos liberais da economia de mercado, em um segundo momento, em resposta à hegemonia neoliberal do final do último século, o autor a reabilita como a força propulsora de um sistema de governo intervencionista e aponta os ideais para que ela se realize. Ao mesmo tempo, será demonstrado como o programa de Estado de bem-estar social pôde se desenhar nessa conjuntura até o ponto de retirar a categoria trabalho de sua centralidade utópica fazendo erigir novos preceitos sob um democratismo radical. Continue reading
Trabalho estranhado e Propriedade privada
A obra de Karl Marx, Manuscritos Econômico-Filosóficos, publicada em 1932, também conhecida como “Manuscritos de Paris” e “Manuscritos de 1844”, é composta por três manuscritos. Trata-se de uma obra incompleta que, segundo seus intérpretes, constitui a “Introdução à Economia” de Marx – embora ele não tenha, até então, demonstrado autonomia para falar do assunto, limitando-se a citar outros autores.
A relação entre os pares conceituais determinados “Trabalho estranhado e Propriedade privada” é o leitmotiv da obra em questão; falar de um remete ao outro, pois ambos os conceitos não podem ser dissociados. Continue reading
Caminhante, de Antonio Machado, o poeta existencialista
Caminhante, um dos poemas mais divulgados de Antônio Machado, concentra interessante conteúdo filosófico referente à questão da prioridade essência e existência. Aliás, característica presente em outras criações do poeta existencialista que fez parte da “Geração de 98”, como era denominado o grupo de escritores espanhóis (Jose Ortega Y Gasset, Miguel de Unamuno, entre outros) cujas críticas literárias giravam em torno de uma época marcada por grande atraso social e econômico ulterior à derrota militar na Guerra Hispano-Americana e a decorrente perda de Porto Rico, Cuba e Filipinas, em 1898, para os EUA. Continue reading
A crise da reprodução capitalista e a formação de um novo “proletariado ex lege”
Entrevista de Silvia Federici realizada por Francesca Coin em 23.07.2017, via Nazione Indiana, traduzido por Rafael Almeida Lemos. | Site LavraPalavra
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Nos anos setenta você foi a primeira a falar contra o trabalho doméstico mostrando como o processo de acumulação nas fábricas inicia-se sob o corpo da mulher. O que mudou nesses anos? Continue reading
A “Dialética do Esclarecimento”, de Adorno e Horkheimer
Os filósofos frankfurtianos Theodor Adorno e Max Horkheimer propuseram-se a árdua tarefa, na obra de 1947, Dialética do Esclarecimento (DE), de descobrir por que a humanidade, ao invés de entrar em um estado verdadeiramente humano, de civilidade, estaria se afundando em uma espécie de barbárie.
De início, os autores subestimaram a dificuldade de tal exposição, pois ainda depositavam excessiva confiança no potencial crítico da consciência em voga, imaginando poder encontrar a solução dentro da realidade existente através do recurso crítico à teoria das disciplinas tradicionais, como a sociologia, a psicologia e a teoria do conhecimento (epistemologia). Continue reading
Sublimação: a cura para o mal-estar na civilização
Como podemos ser felizes? Eis a questão cuja resposta perturba a humanidade, sendo objeto de estudo de muitos pensadores no decorrer da história. Com Sigmund Freud não seria diferente. Conhecido como o pai da Psicanálise, o médico dedicou-se ao tema fazendo surgir uma nova compreensão do ser humano, este ser, segundo ele, dotado de uma razão imperfeita influenciada por desejos e sentimentos, os impulsos, constantemente contraditórios frente à condição própria de ser biopsicossocial que caracteriza nossa espécie. Continue reading
Distinção carnapiana entre análise lógica e epistemológica em “Pseudoproblemas na Filosofia”
Na obra Pseudoproblemas na Filosofia, Rudolf Carnap apresenta uma tese que fundamenta serem significativos somente enunciados que possuem conteúdo factual, enquanto que aqueles que não se fundamentam na experiência seriam carentes de significado. Continue reading